quarta-feira, 4 de abril de 2012

BOBY, O CÃOZINHO FIEL

Miguel era um menino muito triste. Ele sentia a falta de companhia para as suas brincadeiras. Seus pais não pensavam em ter mais filhos. Os amiguinhos de escola não vinham em sua casa, por ser longe demais para eles. Ele era um menino solitário. Sua mãe que trabalhava como costureira em casa, observa e conversa com o seu marido.

Uma surpresa Miguel tem. É o seu aniversário. A festa é feita em sua casa. Cerca de trinta convidados aparecem. Todos com presente em mãos, que foram entregues em suas chegadas ao aniversariante. A expressão em seu rosto não é nada animadora, afinal, o que ele mais queria, ninguém havia dado.

A hora de cortar o bolo chega. Um simples bolo de chocolate coberto com confeitos vem chegando, seu bolo predileto. Um sorriso sai de seu rosto. Todos cantam "Parabéns!" com muita felicidade e alegria. A sala é iluminada apenas pela velinha de número sete. Miguel fecha os olhos e faz um pedido em silêncio. A vela é apagada e se ouve um latido. Um não! Dois, três, quatro. Feliz, ele acende rapidamente a luz e vê a sua frente, não mãos de seus pais, em uma caixa azul clara, um pequeno cachorro marrom. O menino feliz grita para que todos ouçam: "Meu pedido foi realizado!" Um abraço ele dá aos seus pais, agradecendo o grandioso presente. Boby, ele o nomeia.

Boby virou a sua melhor companhia para as brincadeiras de Miguel. O medo do escuro, em seu quarto acabou. Passou a brincar mais fora de casa, deixando um pouco de lado o computador e o vídeo-game. E todo o final de semana era uma festa no quintal, pois era o dia de banho do seu amigão.

O tempo foi passando e Boby acompanhava as transformações de Miguel, até mesmo melhor que seus pais. Presenciou, sem opção nenhuma, a todos os seus gostos musicais. Os cabelos se modificavam a cada fase da vida. Ouvia até mesmo confidências amorosas de seu dono, as suas incertezas, seus medos. Nos momentos felizes, seu dono trazia presentes para o seu fiel companheiro, que o retribuía com lambidas no rosto.

Miguel passa em uma faculdade distante de casa, em outra cidade. A única opção é morar nessa cidade e voltar aos finais de semanas. Então, todos os finais de semana ele volta para casa, para a felicidade dos pais e de Boby.

Em um final de semana, ele voltando nesses ônibus de turismo, um desastre acontece. Um caminhão desgovernado invade na contra-mão, colidindo com o ônibus, que ambos caem no precipício. Não há sobreviventes. Nem mesmo Miguel se salva. Seu reconhecimento é fácil. Um medalha de ouro gravada em relevo a foto de Miguel e Boby, estava presa em seu pescoço, por uma fina corrente.

Boby sabia os dias que seu dono voltava. Aquele dia ele não voltou. Sentiu algo estranho. Pessoas chorando. Parentes que vinham raramente estavam todos ali. O entra e sai de pessoas eram constantes. Viu os carros saírem, resolveu seguir. Velhinho, com uma pata um pouco manca, vai calmamente, apenas seguindo os rastros dos pneus.

Ele chega e vê um túmulo sendo fechado por coveiros. As pessoas chorando, outros indo embora. Alguns dando um último adeus. Mais próximo ele vai. Em volto de muitas flores, uma foto de seu dono destaca. A noite vem caindo. Ao lado do túmulo de Miguel, depois de tanto uivar, um último lamurio se estende e não se ouve mais nada. Tudo fica no mais absoluto silêncio.

* imagem retirada do site:http://www.alexkoti.com/imagem/cachorro_pedinte_beggar_dog/
* Esse texto também se encontra no site http://www.recantodasletras.com.br/redacoes/3594118

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