sábado, 3 de dezembro de 2011

Memória de uma bailarina


Tenho muita saudade daquela época!
A época do Glamour.
Tomás era o homem dos sonhos.
Um galanteador!
Quando dançava, todo o seu charme se espalhava pelo espaço. Seu sorriso fácil atraía muitas mulheres, que pediam repetição da nossa dança.

Quando eu lembro daquela música.
Ai! Aquela música!
Vivíamos dançando.
Nascemos dançando.
Quando dançávamos era como se todo aquele espaço se transformasse em nuvens, onde o céu era o limite do infinito.
Deslizávamos, bailávamos, flutuávamos como bolhas de sabão, levadas pelo vento, sem rumo, sem direção.

Um dia...eu nem gosto de lembrar desse dia.
Foi o dia mais triste de minha vida.
Nesse dia veio uma mulher toda refinada e tirou Tomás de mim.
Uma mulher linda, loura, de olhos azuis como o mar.
Essa que vivia nos admirando.
Em seu rapto, também levou consigo alguns objetos dourados...
...e todo o colorido de minha vida.
O meu balé preto e branco, sozinha dancei por mais algumas vezes. Até que tudo ficou preto, e nunca mais dancei.

Hoje eu vivo aqui esquecida no tempo.
Dentro de um armário.
O meu espaço flutuante não passa de um pesadelo.
Uma caixa preta, onde todos os objetos dourados e prateados que aqui tinha, não existe mais.
Nunca mais vi Tomás.
E eu fico aqui, deitada, me olhando no reflexo do espelho.
Num silêncio profundo, na esperança de que alguma lembrança desperte na memória dos antigos admiradores.

Esse texto se encontra nesse link: http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/3440208

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